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Vestuário


Reflexões sobre o papel da roupa e dicas para tornar as vestimentas marcos de sua sociedade criada

Humanos são criaturas frágeis: sem pelos na maior parte do corpo, sem cascos, sem garras, sem presas, sem couro, cobertos apenas por uma pele fina, quando completamente nus na natureza são suscetíveis ao frio e propensos a receber ferimentos perigosos. Por isso, desde a antiguidade os homens começaram a se proteger, cobrindo a nudez com peles de animais em vestes rudimentares. No entanto, o papel das vestes em uma sociedade moderna vai muito além da simples proteção individual, e refletir sobre ele e sobre o tipo de roupas que seus personagens vão usar pode acrescentar profundidade e realismo para sua narrativa.

Vestes e hierarquia

Se no início as roupas eram feitas com peles e costuradas com agulhas feitas de ossos, na Mesopotâmia houve um salto tecnológico, e as vestimentas passaram a ser confeccionadas em tecido, que podia ser mantido na cor original ou também tingido. Em uma civilização que estabelecera um assentamento definitivo e dava os primeiros passos na construção da estrutura de civilização que temos hoje, as roupas feitas com tecido eram um símbolo de sociedade.

Mais tarde, no Egito, as roupas eram usadas não apenas para proteção, mas para definir a identidade. Os faraós, por exemplo, não usavam ornamentos, mas a cauda de leão e um falso cavanhaque sob o queixo simbolizavam o poder. Para os romanos, diferentes tipos de roupas simbolizavam diferentes graus de autoridade, sendo possível perceber, desta forma, que o tipo de vestimenta não está associado apenas com proteção corporal, mas também com status, desde o início das civilizações.

No Japão, onde provavelmente as roupas antigas eram feitas de pele ou palha, os quimonos, cujas origens remontam a mais de 2000 anos atrás, sempre estiveram relacionados com a posição hierárquica de seus usuários, sendo que a quantidade de cores, o tecido empregado em sua fabricação, a quantidade de camadas e os tipos de acessórios empregados na vestimenta, indicavam o status do indivíduo.

Diversificando e diferenciando

Entre os séculos VI e X, no Antigo Mundo, o marco nas vestimentas foi o uso de bordados, pedrarias, brilho e cores em túnicas e togas. Os tecidos, propriamente ditos, começaram a ganhar variações a partir do século XI, surgindo assim a seda, o linho, veludo, lãs, a gaze, entre outros, possibilitando novos e refinados trabalhos na confecção de peças. A partir do século XIV as roupas ficaram mais rebuscadas, mais diferenciadas, surgindo chapéus, véus, tocas, e os sapatos de pontas longas e finas. Nesta época, as roupas masculinas e femininas passaram a se diferenciar, de modo que os vestidos passaram a ser de uso exclusivo das mulheres, acadêmicos e clérigos, enquanto somente os homens usavam calças apertadas.

Nesta época, os homens passaram a buscar evidenciar os ombros largos através do uso de ombreiras, enquanto as mulheres procuravam uma silhueta de violão, de onde surgiram os corpetes, precursores dos espartilhos.

Moda, praticidade, significados

Apenas por este panorama superficial já é possível perceber que o uso de vestes, desde a antiguidade, não serve apenas para a proteção do corpo do indivíduo. O modo como as vestes são confeccionadas podem indicar sua classe social, seu status, seu ofício, até mesmo em que momento aquela sociedade está vivendo: quanto mais rebuscadas e desconfortáveis as roupas, maior é o indicativo de que aquela sociedade está passando por tempos tranquilos. Isso porque, em tempos de guerra, a escassez de recursos tende a fazer as roupas diminuírem de volume e de complexidade, para que seja fácil sair para trabalhar ou se colocar em movimento, no caso de um ataque inimigo.

Por outro lado, a moda também reflete o ambiente em que aquela sociedade está assentada, até mesmo os sentimentos coletivos que dominam as pessoas. Em um local de muito frio, é necessário que as roupas sejam pesadas, grossas o bastante para bloquear as baixas temperaturas, enquanto é irreal conceber o uso de vestes muito pesadas em áreas tropicais.

Ainda que as vestes sirvam para cobrir todo o corpo dos indivíduos por causa da religião, do status, etc., é preciso levar em conta o clima do local, e escolher tecidos leves e cores suaves para isso, de forma a proteger a saúde dos usuários.

Escolha das roupas de uma sociedade imaginada

Ao conceber detalhes de uma sociedade, pensar nas vestes que as pessoas vão usar pode ficar em segundo plano se a arte criada for literária. Para os quadrinhos, games, artes visuais, etc., é imprescindível pensar nas vestimentas dos personagens antes de começar a desenhar. Mesmo na literatura, é difícil encontrar uma obra de fantasia ou ficção científica em que não haverá uma única descrição de vestuário de personagens, e neste momento o projeto visual deve estar acessível à mente do criador.

Alguns pontos importantes para se pensar são os seguintes:

1 – Em que momento histórico se passa sua trama? Antiguidade, modernidade, futurismo? Essa informação é importante para definir que tecnologias existem para a confecção das roupas e que tipo de tecido, tingimento, trabalho, estão disponíveis para a fabricação.

2 – Para que servem as roupas naquela sociedade, além de proteção? Cores diferentes representam status diferentes? Cortes, decotes, armações, camadas, são reservadas a um tipo de cidadão? Existem roupas especiais para sacerdotes, políticos, reis, etc.?

3 – Todo mundo tem acesso às roupas? É possível comprar uma grande quantidade de peças? Ou as pessoas têm apenas algumas peças e as usam até a exaustão?

4 – Raças especiais (criaturas fantásticas) usam roupas? Possuem algo especial, diferente, mágico, não acessível a outras espécies?

5 – Sobre as roupas dos protagonistas: que tipo de roupas cada um vestirá e por que? Um rei, uma princesa, um clérigo, pode ter um tipo de vestuário, mas um andarilho, um soldado, precisará de outro tipo de roupa. Se o indivíduo passar a maior parte do tempo viajando, não é sensato que tenha trajes apertados, saias longas, use espartilhos ou roupas desconfortáveis; por outro lado, se é alguém que vai muito a bailes e festas, pode ser que tenha grandes trajes, que precisem de várias pessoas para ajudar na sua colocação.

Para ajudar na concepção do visual dos seus personagens, aqui vai uma dica: seja por meio de um desenho, por um resumo escrito ou por um conjunto de imagens tiradas da internet ou de revistas, crie uma pasta, um arquivo, para servir como referência para seus personagens. Desta forma, será mais fácil criar uma marca legal e não se perder durante a construção da história.

https://blog.maximustecidos.com.br/tudo-sobre-historia-da-moda/

https://www.etiquetaunica.com.br/blog/um-giro-pela-historia-da-moda/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_moda

http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/diversos/kimono/

https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-surgimento-moda.htm

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