GILMAR MILEZZI
ENTREVISTA COM O AUTOR
Autor de:
BIOGRAFIA
Nasci no fim da década de 1950, na cidade de Tubarão, em SC. Minha adolescência foi passada em Florianópolis, nos anos setenta. Minhas principais referências culturais são dessa época, um tempo de muito cinema no Cine Glória, no bairro Estreito, e muito gibi.
Nessa época já pensava em ser escritor e mergulhava nos livros de Emílio Salgari, Julio Verne, Jack London e Mark Twain, entre outros, aos quais lia com a vontade de quem queria aprender os segredos de uma boa narrativa.
De tanto viajar nas histórias de aventuras e fantasia, decidi que escreveria minhas próprias histórias um dia. Desse vago projeto, acalentado e empurrado com a barriga durante anos, surgiram algumas peças infantis: O Espírito da Floresta, Joaninha Banguela, A Revolta dos Sinais de Trânsito e A Última Chance, também com versões em prosa.
Para o público adulto, escrevi as comédias A Costela de Adão, À Flor do Delírio e O Julgamento de Sócrates, este último é um texto que dramatiza os debates entre a aristocracia e os sofistas na Grécia antiga.
Além desses, há ainda alguns textos inacabados, roteiros para TV e cinema que ninguém viu, e contos. Muitos contos e crônicas, publicados em pequenos jornais e blogs ou esquecidos numa gaveta.
Em 2014 publiquei o romance Zaphir, no gênero de aventura e fantasia. Requiescat in Pace – Crônicas da cidade dos Mortos, surgiu em 2018. Em formato ebook, tem ainda Noites Sombrias e Lilith – Noite Adentro, todos no gênero de horror e fantasia. Esses romances significam a confirmação do velho sonho de menino, cuja jornada está longe de acabar.
www.aguerradosmagos.blogspot.com
www.agavetamagica.blogspot.com
ENTREVISTA
FDM: Conte um pouquinho sobre você: onde mora, com o que trabalha, quais são seus hobbies, algum detalhe curioso que você gostaria de compartilhar.
GILMAR:
Eu moro numa linda cidade. A maior parte dela fica numa ilha de 400 km², mas eu vivo na parte continental. Da minha janela, vejo a baía sul, onde tem um calçadão. Costumo fazer caminhadas com meu cachorro ali.
Eu gosto muito de ler e escrever. Essas são minhas principais atividades, quando não estou trabalhando para pagar as contas. Aliás, boleto bancário parece um personagem de aventura, né? sempre vence. Infelizmente ainda não consigo viver da literatura, mas isso é um sonho recorrente. Até porque crio histórias e personagens o tempo todo. Minha mente não para, nem quando estou dormindo. Posso dizer que tenho uma multidão dentro de mim, esperando pra sair. Um escritor (não lembro qual) disse, certa vez, que ser escritor é uma forma socialmente aceitável de esquizofrenia. Ele está certo, mas eu não seria feliz de outra maneira.
FDM: Quando começou seu interesse pela literatura? Quais foram os livros que marcaram sua vida e que mais te influenciaram? O que te levou a escrever?
GILMAR:
Meu interesse pela literatura começou com os gibis e livros de aventura. Mas a ideia de me tornar um escritor se formou quando eu venci um concurso de crônicas promovido pela professora de português, na escola onde eu estudava. Foi a primeira vez que fui notado pelos professores e colegas. Antes eu fazia parte dos nerds invisíveis. Nesse tempo a palavra “nerd” não existia, mas eu já era um deles. Nessa época, eu ganhei uma enciclopédia Trópico do meu pai e li todos os dez volumes. Até hoje lembro dos verbetes que mais me impressionaram. Depois li outras. Enciclopédias não eram apenas obras de consultas para mim. Eu realmente gostava de ler tudo. Felizmente descobri os clássicos da literatura e deixei as enciclopédias um pouco de lado, mas eu já era um Google ambulante.
FDM: Você tem algum método, ritual, uma superstição ou rotina para escrever? Apenas deixa fluir? Faz um planejamento? Conte pra gente como é seu processo criativo.
GILMAR:
Não faço nada de especial. Quando me ocorre uma ideia, ela vem por caminhos diversos. Pode ser um olha de alguém, uma frase ouvida, meu cachorro, uma mulher. Aliás, as mulheres são sempre uma grande fonte de inspiração e ideias para mim. Quando garoto, achava que as meninas eram mágicas e misteriosas. Minha imaginação sempre correu solta, quando olhava para uma delas. É assim, até hoje. Quando uma ideia me ocorre, eu me sento diante do computador e escrevo. Na primeira tentativa, nem sempre sai legal. Então eu tento tantas vezes quanto for necessário. Depois arquivo e deixo passar um tempo, para ler com outros olhos. Sou muito crítico com meus textos. Mesmo assim, os erros ainda acontecem. Como toda pessoa criativa, sou muito distraído.
FDM: Fale um pouquinho sobre seus trabalhos: quais são seus títulos, os gêneros literários de cada um e como os publicou.
GILMAR:
Eu escrevo há muito tempo, mas o primeiro livro publicado foi Zaphir, em 2014. Depois surgiu Requiescat in Pace, em 2015. Em 2016, reuni meus contos de horror e publiquei Noites Sombrias, mas somente em e-book. Lillith – Noite Adentro foi o Seguinte, já em 2017. Também publiquei alguns contos eróticos na Amazon, mas retirei para fazer uma coletânea. Uma edição melhor, num único volume. Também está em preparo uma coletânea de contos e crônicas publicadas em jornais, em anos anteriores.
FDM: Você escreve histórias de terror e fantasia, boa parte com muito romance envolvido. O que atraiu você para este gênero? O que mais gosta em outros autores desta mesma linha que despertou seu fascínio por fazer parte do mundo deles?
GILMAR:
Eu sou um escritor formado na cultura pop dos anos 60 e 70. Gibis e livros de aventura, de horror e fantasia fizeram parte desse universo e moldaram minha criatividade. Romantismo faz parte da minha natureza e, é quase inevitável que surja em minhas histórias. “Sou um romântico incurável”, como disse Victor, o escritor de Requiescat. Esse personagem foi fácil de criar e escrever. Tirando o emprego no cemitério, era eu mesmo ali.
FDM: Seus livros foram publicados de forma independente. Como surgiu este caminho para você? Você pensa em tentar publicar de outra forma num futuro próximo?
GILMAR:
Ter meus livros numa grande editora é um sonho. Gostaria que meus livros alcançassem mais leitores e a distribuição é o calcanhar de Aquiles do escritor independente. Ser independente foi a opção que sobrou para um escritor desconhecido. Não foi exatamente uma escolha, mas deu início à carreira. Antes eu gaguejava quando tinha que dizer o que eu era. Na verdade, ainda gaguejo, mas aos poucos estou incorporando o que sou, realmente.
FDM: Qual a maior dificuldade que você encontra para fazer seus livros chegarem aos leitores?
GILMAR:
A principal dificuldade é vender. Meu primeiro impulso é dar os livros às pessoas, pois ainda morro de vergonha em vender. A segunda dificuldade é dada pelas limitações geográficas. Um escritor independente não tem a mesma capacidade de distribuição das editoras. Por último, a participação em feiras culturais e literárias implicam numa jornada cansativa e solitária, nem sempre lucrativa. Isso impede a dedicação à literatura em tempo integral, como é o sonho que alimento há anos.
FDM: Está trabalhando em algum trabalho atualmente? Ou está pensando em algum tema para explorar em um próximo projeto?
GILMAR:
Estou fazendo anotações para um projeto literário mais ambicioso. A pretensão é atingir um novo patamar na minha técnica narrativa e desenvolver uma obra que signifique algo especial para mim, capaz de vencer um concurso literário de renome, talvez. Pretendo utilizar elementos da cultura açoriana, presente onde moro, para contar a história de um menino e sua relação especial com um boi brabo. Será baseada na farra do boi, que acontece na Semana Santa. Uma manifestação cultural que é alvo dos defensores dos direitos dos animais. Confesso que também não gosto dela e isso estará bem claro na história que pretendo contar.
FDM: Qual é o seu “sonho de escritor”? O que você gostaria que acontecesse na sua vida com relação aos seus livros e à escrita?
GILMAR:
Meu sonho principal é publicar por uma grande editora, é claro. Mas ficarei feliz, se atingir um patamar de vendas que me permita uma dedicação integral à literatura.
FDM: Que conselho você daria para alguém que sonha em escrever e publicar seu primeiro livro?
GILMAR:
Eu diria para a pessoa ler muito, principalmente os clássicos. Depois praticar incansavelmente, até atingir um nível de qualidade aceitável. O caminho para realizar esse sonho é duro e exige persistência em busca de uma técnica narrativa capaz de dar existência à multidão que habita a mente do escritor.